19 de julho de 2009

Bolha.

Depois de muitos finais de semana ininterruptamente cheios, seja de sono ou dos alienigenas que eu chamo de meus amigos, tô eu aqui assistindo pela milhonésima vez Harry Potter. Pelo menos dessa vez eu tenho uma desculpa: O novo filme dele lançou essa semana, e é bom rever os antigos. Já que eu e a minha irmã já lemos todos os livros dele incontáveis vezes, nós temos todos os filmes em casa, piratas claro, (ainda) não somos ricas. Hoje o que eu vi foi a Ordem da Fênix, e eu acho incrível como eu ainda me surpreendo pelas coisas óbvias e completamente esquecidas que a gente vê nesses filmes. Em Benjamin Button eu quase tive uma síncope de reflexões nas 5 páginas escritas no meu caderno, assim como Wall-e e alguns outros.

Tirando a atuação pobre como sempre de Michael Gambon para um dos melhores personagens da literatura de ficção - e o fato de que nada substitui um bom livro - fico na obrigação de comentar a frase mais profunda do filme (tirando "você pode não gostar dele ministro, mas não pode negar que ele tem estilo").

"Não são as semelhanças, são as diferenças, Harry."

Automaticamente me vem a mente o clássico pensamento, o que nós aproxima dos nossos 'amigos' é principalmente as semelhanças que se tem de pensamento e não as diferenças, os pontos que seguimos divergentes quase certamente não são os favoritos. Não ao natural pelo menos. O que te faz discutir com alguém? Te faz não gostar de uma pessoa? Diferenças. E acima disso, diferenças não respeitadas. Isso vem a tona principalmente no ambiente de trabalho quando a diferença deixe de ser somente ideológica para chegar "as vias de fato". Dificuldade do ser humano.

Frequentemente - quando a gente não simpatiza com alguém (ou mesmo acaba não gostando) - a gente se pega surpresa quando fica sabendo que aquela pessoa tem o mesmo gosto musical que a gente, que talvez ela frequente o mesmo restaurante, e que aquela blusa que ela estava usando semana passada é igualzinha a que você tem dentro do seu armário. Derepente você se depara com grandes verdades, talvez só porque ela diverge de mim em algumas coisas não quer dizer que... STOP!!! Neste momento um significativo lugar no Continoum-Espaço-Tempo foi rompido! VOCÊ SAIU DA SUA BOLHA!! Congratulations!

Sim talvez ela tenha uma visão menos otimista da vida, e você seja uma das pessoas mais positivas da face da erra, talvez ela não ache que o seu texto foi o melhor e que você deveria ter ganhado. E talvez quando você for contar alguma coisa condenável pra ela, ela te condene. E a novidade está justamente aí: Isso definitivamente pode tornar a amizade de vocês uma coisa diferente de tudo que já se tinha visto. Ela gosta mais de ficar em casa, você gosta mais de sair. Ela tem namorado, você acha uma perda de tempo pra você mesma. Vocês aproveitam uma tarde de domingo e vão a redenção mesmo assim, combinam que uma vez por mês vão sair à noite e relevam a presença do namorado em algumas tardes. Ela acaba contando com você, e você acaba gostando mesmo dela. E onde foram parar aquelas todas diferenças que tanto empatizaram a relação de vocês?

A resposta é simples: Continuam no mesmo lugar onde sempre estiveram. A diferença agora é que vocês respeitam as diferenças que tem, e a admiração cresceu dentro de vocês uma pela outra. Chegam a se perguntar: "Como ela consegue ter tanta paciência?" ou "Como ela consegue fazer tanto?". Isso cria coisas boas por dentro - coisas, que quem só convive com gente "semelhante" não tem - ensina a gente a respeitar as diferenças dos outros de dentro, pra fora. Nos ensina a pensar no outro, a ceder quando é necessário, a respeitar mesmo que diferente. E saindo da bolha, a gente acaba vendo que as diferenças nos fazem crescer.

"Não são as semelhanças, são as diferenças, Harry."

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