23 de janeiro de 2010

Sallon

O que vocês acham de um novo tipo de salão para as próximas gerações? Um novo tipo de pedido, de corte. Vamos pedir pra pintar de cores diferentes, repicar, deixar mais volumoso, ou fazer uma progressiva. Mudar os cílios, a cor dos olhos, e as maçãs do rosto. Esquecer aquele rubor que você acha que tanto atrapalha os momentos mais sinceros. Deixar o rosto mais suave, ou mais quente quanto passa das 11h e para os enlouquecer com um breve - mas instigante - olhar.

O novo modelo de salão é o seguinte: Pra quê aquele ciúmes dele de cantinho, que ele tanto se irrita e faz até as vezes ele querer largar fora, só por causa de minhocas na cabeça? Vamos cortar, e dar mais volume ao ego que ele tanto preza estar sempre acima de qualquer coisa. Segurança. Vamos deixar de lado aquela história de pintar histórias em cima de coisas inexistentes, ele está com você não está? Será que hoje eu posso ir no salão e pedir pra ter mais paciência? Mas não demais, pra ele não abusar da minha boa vontade. E também pra ele se ligar que oi, ele não é o único homem da face da terra. É pra valorizar a bonitinha aqui, que hoje em dia tá cada vez mais difícil. Mas seguinte: Nessa sexta é aniversário da mãe dele, eu quero estar parecendo um anjo, o tipo de nora que toda sogra gostaria de ter, meiga, simpatica, inteligente, independente, daquelas que não tem como resistir. E faz o corte bem curto por favor, não tô afim de sinceridade absoluta hoje, imagina só se ela me pergunta sobre o cabelo. E se ela for uma megera? Repica pra eu ter muita paciência para com os de inteligencia não tão realista quando se fala do filhinho da mamãe. O pior que eu adoro o canalha.

Vamos cortar aqueles defeitos de personalidade catastróficos para qualquer relacionamento. Ele não gosta do meu humor assim, já to indo lá ajeitar, prefere longo ou curto? Pra não ter incomodações. E eu vou marcar horário pra ele mudar o quanto ele trabalha e me deixa de lado nas últimas semanas. Eliminando, eliminando, eliminando...

Por eliminarmos tanto, acabamos eliminando a nós mesmos e tudo o que nos diferencia de máquinas, frias e programáveis. Como saber até que ponto vai a compreensão, consideração e respeito nesses termos? É preciso analisar e tentar se botar no lugar do outro. No bem bom - e fácil - todo mundo fica. Aliás, qualquer um fica, desde que se agrade. Programe, e funcione conforme diz na embalagem. Não há surpresas, não há humanidade no cardápio, tudo ou nada. E nos momentos em que a facilidade, tranquilidade e disposição vão pro espaço e o que fica são os defeitos que a gente tem que saber lidar e respeitar. Vai que dá pane?

Canso de escutar gente desejando que o outro seja diferente, a gente não aceita algumas coisas neles e sente a necessidade de arranjar um jeito para mudar. A maior mudança (e a única nesse aspecto) que a gente pode fazer é o que nós vamos absorver depois que a imagem passa pela retina. Qual o sentido que vamos dar a ela? Canalizar em algo positivo por favor.

Tranforme preocupação em uma forma de confiança, transforme intolerância em conhecimento, desconfiança em confiança, vontade de estar junto em carinho, sinceridade em crescimento, mãos estendidas em caminhos de mãos-dadas, sexo em amor! Transforme tudo. Vai transformar você.

Ao invés de programar... porque seilá. Vai que dá pane?

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