20 de janeiro de 2010

Concretíssimo

Assim como o dia, todos os relacionamentos (sejam amorosos, ou simplesmente afetos) tem um nascer. Um nascer do sol. Ao decorrer do dia - e do tempo - tem o seu pico e as vezes ao chegar o entardecer de um dia de verão só podemos deixar o sol se pôr e ir embora. Às vezes quase esqueço que nós é que giramos, o sol é aquele que está sempre lá no mesmo lugar.

Ao longo do dia a gente pesa. A cara de sono, o mal-humor, o carinho e o gesto do café da manhã. Pesamos a companhia, sentada, de pé e de cabeça pra baixo. Ao lado. Sentimos tocando fundo quando deitamos para dormir - é crucial - a segurança e o carinho transmitidos na hora de fechar os olhos, de se deixar um tanto quanto mais vulnerável. Afinal o amor também é guardião do sono alheio, guarda e protege o encanto como ninguém. Mas é só um teste, a cesta de uma tarde quente que apaixona-se pela brisa no final de alguns dias.

Pesamos o companheirismo, a sinceridade sem igual e a ajuda na hora de trazer as compras. Pesamos a olhadela discreta para aquela menina - aquela, você sabe - a morena mais bonita da praia. Pesamos o parar na frente dela - e de todos - segurando na sua mão bem firme, o olhar apaixonado e as palavras que o coração sorrateiro sussura quase sem perceber "..." Ok, e depois disso disso o que vem parece em demasiado superficial para ser considerado "a se pesar..." na hora de decidirmos se já é hora de vermos o pôr-do-sol.

Às vezes o entardeccer vem ao natural como um velho amigo que se aconchega no peito, traz paz e tranquilidade ao aconselhado. Por vezes paramos os relógios afim de alongar os minutos e horas antes do anoitecer de fato, só pra poder sentir mais um pouquinho, até a réstia do sentimento. Difícil é ver o pôr-do-sol dentre erros humanos, meus e não tão meus assim. Difícil é não aceitar ver o sol se pôr, e poder entender que tudo tem um fim.

Na beira da praia, coração em alto-mar mas o pés bem fincados neste chão. Chão precioso. Saí pra caminhar só pra sentir as pernas e cada veia pulsar. Lembrar que ainda é um pé na frente do outro e alguns km de caminhada até o limite na fronteira. Quando paro, coloco as pernas pro ar, para ele ser a única coisa a 'tocar' nelas, fecho os olhos e tenho a certeza de que eu fiz o melhor que eu pude até onde pude!

Beira da praia¹: Pensamentos após uma das noites mais estreladas - e lindas - que eu já tive. Se não permitem te ver o pôr-do-sol, quer um conselho? Tenha uma noite estrelada. Fechando os olhos depois, posso claramente ver as estrelas.

Beira da praia²: Pensamentos que a poluição - tanto literalmente quanto figuradamente - não nos deixa ver, expansão de sentimento, é isso aí!

Beira da praia³: E toda essa sequência de pensamentos porque acabei virando a noite e vi amanhecer um lindo dia pensando em ti. Pôr-do-sol.

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