22 de setembro de 2009

De: sapatilhas.

COMO MUDAR O MUNDO:


Comece por você. Eu comecei. Arrumar o quarto, ler livros, sorrir ao encarar o dia. Peguei minhas velhas sapatilhas e ensaiei ontem, aqueci, estiquei, brilhei mais do que qualquer outra coisa em um raio de km. Fazia tanto tempo que não em sentia assim, toda a minha plenitude. Minhas sapatilhas velhas são melhores do que as pantufas mais confortáveis do Zaffari, eu não trocaria por nada. Mas ontem eu mudei, tinha comprado um par de sapatilhas novas antes de ter que parar, para os ensaios extras para o concurso, as antigas não iam resistir. No fim, eu é que não resisti, e nunca mais tinha tido coragem pra tocar nelas. Mas são tão lindas! Estavam ainda com aquele cheirinho de novinhas. Ontem peguei elas, e deixem-me botar a modéstia de lado: Elas ficaram lindas nos meus pés. Quanto estico o pé para ficar na ponta é simétrico, é perfeito. Tinha esquecido o quanto eu sou bailarina sem fazer nenhum esforço, e o quanto se eu me esforço eu posso ser muito mais e muito melhor. O quanto ser bailarina faz parte de mim. Faz parte do que eu sou, e isso não tem nada a ver com ter ou não joelhos. Não desistir das coisas porque elas são difíceis, tentar com mais força do que antes, justamente por isso. O agora é inconstante! Nós somos inconstantes! A gente tem que ter visão, e ir além do que se vê. Vale cada gota de suor, cada noite investida como eu prefiro pensar. Eu falo também de sacrifício, porque me custa muito, mas contenta minha alma por inteiro, e isso é maior do que qualquer coisa; é como se tudo fosse melhor depois.


Eu tento todos os dias mudar meu mundo, com sorrisos, alegrias, sinceridades, lutas, leituras e pensamentos. Eu comecei com as sapatilhas. Cada um tem o seu jeito, pode ser só sorrir pro porteiro do prédio, e desejar bom dia. Pode ser ligando para uma amiga que não vê a muito tempo, pode ser fazer uma coisa que você nunca fez antes, pode ser fazer alguma coisa que você costumava fazer sempre, pode ser do jeito que você quiser. O importate é começar.


Sapatilhas siginificam muito pra mim, significam tudo pra mim. E é inusitado estar assim com algo especial, que vem desde que eu não consigo me recordar por exato. Quando eu era pequena quando brigava com a minha irmã mais nova, minha mãe dizia que se eu brigasse de novo com ela eu não iria dançar depois da aula ou que não ia me apresentar no fim do ano! Que maldade. Eu e ela sempre acabávamos brigando, e é claro que eu sempre me desesperava como se esse fosse o fim da minha humanidade, e chorava e fazia até conseguir ir. E normalmente conseguia. Só as vezes não, porque afinal ela é mãe por algum motivo. Acho que ela achava que eu ia entender alguma coisa assim (o que é uma pena, porque agora eu já tô meio grandinha e eu e a caca continuamos nos amando profundamente). Nem me lembro mais a quanto tempo isso é tudo que me faz feliz. O que me faz mais feliz, e não me faz feliz todos os dias, mas me alivia.


Tudo o que eu criei a minha volta a partir do momento que eu comecei a crescer, brilhou mais quando eu acordei hoje pela manhã: eles gritavam "você tinha esquecido, tinha esquecido, nós sempre estivemos aqui!". Meu quadro de bailarina que eu comprei no meu primeiro concurso, minhas coleções de sapatilhas rasgadas pintadas esfoladas penduradas depois de tanto ensaiar, minhas credenciais de cursos e concursos penduradas na parede, minha bailarina em arame pendurada no teto. Minha primeira gaveta da cômoda que guarda meias-calças, ponteiras de silicone, ponteiras de esponja sujas de sangue pela minha primeira apresentação no palco usando pontas com bolhas, blusas e malhas (e grampos perdidos). Eles sorriam pra mim, porque eu decidi sorrir pra eles, outra vez. Sei que esse post não foi o melhor que eu já escrevi, mas é a primeira vez que eu consigo falar disso em muito tempo! E eu tenho orgulho de dizer que eu tento, mesmo que seja no meu quarto sozinha antes de dormir. A batalha mais importante sempre é travada com nós mesmos.


Contentar a alma, é como harmonia de orquestra. E porque um amigo acaba de pedir ajuda em uma equação aproveito e faço uma analogia nos diabos: Se minha vida fosse uma equação seria cheia de variáveis e pouquíssimas contantes, daquelas que seu professor bota na última prova pra ferrar com todo mundo. Sapatilhas.

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