29 de junho de 2009

Como se fosse verdade

Trilha sonora: Djavan.

Ás vezes eu sinto falta de alguém que eu nunca tive. Mas é tão grande que chega a apertar o peito, sufocar. Uma grande mão espreme, outra grande mão alivia. É como sentar no ônibus e ficar viajando, as vezes a gente mergulha fundo nisso como se fosse verdade. Como se fosse verdade.

Voltar no tempo, adiantar no tempo, vã esperança dos homens, insetos no infinito. Ambição dos idiotas, não aprendemos a controlar nem a nós mesmos que dirá uma coisa como o tempo. Aprendamos a controlar nossos atos, nossa conduta, nosso cachorro. Depois comecemos a imaginar o resto. Vivamos de forma de forma que melhoremos a cada dia. Como se fosse verdade. Como se fosse verdade...

"Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração" (Se - Djavan)

Seria isso que com certeza alguém diria pra mim. Ou que eu diria pra eu mesma. Tanto faz, eu costumo pensar que a gente diz pra alguém que a gente gosta o que a gente gostaria que dissessem pra gente. Ou pelo menos a gente tenta dizer alguma coisa que não nos faça soar (muito) idiota. Vou parar de falar nisso por aqui, aí tá uma coisa da qual eu não entendo. Mas eu sei disso (que eu mandaria esse trecho aí em cima pra mim), acho que não precisaria de ninguém pra me dizer. Apesar de que, de novo, é diferente escutar de outra pessoa, faz soar mais real.

Mesmo assim, as vezes dá vontade de agarrar aquele vazio, como se fosse uma coisa palpável, visível. É como se fosse sincero, é como se fosse natural... Como se fosse verdade.

Já tava com saudade do que o tempo frio me faz sentir. Essa falta de não sei o que que não tem sentido. E talvez não seja para ter sentido mesmo.

Como se fosse verdade.

"Luz das estrelas
Laço do infinito
Gosto tanto dela assim.."

22 de junho de 2009

Dita Pinta



Quem olha essa imagem, preto e branco, pensa que tanto a imagem quanto a mensagem são antigas.. e todo enganam-se, inclusive eu. Passados quase 30 anos, a vida cinzenta de milhões de pessoas continua ficando cada vez mais escura, pouca revolução e ainda menos evolução, preto e branco é o tom, é a visão, o sentido que demos as nossas vidas.

- ABAIXO A DITADURA - Escrevia-se! Era desejo intenso, essa paixão mobilizadora, gritada através de frases mudas, que ecoavam nas ruas e enchiam paredes. Portões, fachadas, cartazes, tudo gritava. Era uma convocatória sincera e sentida, dirigida a todos os homens e mulheres. A quem viesse a pensar, seria bem vindo, independente de classe, de opção, de cor.

Vemos e vivemos dentro de ditaduras que não acabaram, a da busca pela imagem inexistente, a ditadura do consumo, a ditadura da religião, do ortodoxismo, da mente fechada. A ditadura que comanda todas as outras: O egoísmo, a inércia, o individualismo que todos os dias cultivamos com tanto fervor (do quintal pra fora, pouco interessa-me). Pois interessaria-me deixar o mundo com condições para meus filhos desfrutarem de uma vida longa, e boa. Aliás, já tenho pena dos que vivem, sinceramente meus desejos de mãe terão que ficar para o próxima choque de massas no universo, já tenho pena dos que vivem, imaginem só de quem virá.

Uma ditadura de método, de teoria. O pensamento vai, as pessoas ficam inertes. Os gritos, a Revolução, a saída de um regime, para a democracia, conquistas e lutas. Tudo isso existe, mas agora não lutamos contra um país, lutamos contra um regime mundial. Não nos damos conta, que quando nós abrimos mão de mais um dia de nossas vidas pela luta, nós entramos pra história.. É necessária a mudança. A luta talvez ainda não seja tão vitoriosa, não tão fervorosa por enquanto. Mas tão necessária quanto o ar que respiramos. E é literal, porque logo logo não haverá mais nada a se destruir.

Doentes. Vivemos em um país doente, com pessoas doentes, em um pensamento doente. Chegamos ao cúmulo da precarização da raça humana, apelamos aos nossos instintos mais irracionais onde o único intuito é sobreviver individualmente. Estamos aqui somente, porque nossos antepassados aprenderam que o individualismo mata a todos nós. A nós que nos consideramos seres de elevada capacidade intelectual, não utilizá-la para nossa própria subexistência é no mínimo ridículo. Deixamo-nos levar ao fim por pensamentos que não vão além do agora, necessitamos reaprender a viver em harmonia com o que nos cerca, respeitando aos outros e a nós mesmos! Somos mais que animais, podemos fazer bem mais que isso. Ditaduras vão sobreviver.. Mas nós vamos?

Lá pintar a cara é honra.


Aqui, pra mim, também.

16 de junho de 2009

...E pra sempre?

"Eu quero te olhar
...de um lugar diferente.
Eu quero a chave,
a chave da porta da frente.
Eu quero agora e eu quero pra sempre".
(Frejat e Leoni)

15 de junho de 2009

Luxo

Como boa cidadã. Não li o Journal de domigo, no domingo, e sim na segunda, junto com a capa meio rasgada que o Marte (cão) fez o favor de mastigar. Peguei o Donna ZH, e vi uma daquelas "entrevistas" na parte de trás do Journal. Autoretrato, é o nome. Matheus Nachtergaele, aquele ator que fez O Auto da Compadecida. Ele estava falando, ou melhor ditando. Eu sempre achei ele uma cara legal seilá, humilde, simples. Vi a reportagem e me deu vontade; eu também quero.

Qual é a primeira coisa que pensa ao acordar de manhã?
Que horas são?
Em que momento do dia é mais feliz?
Sempre que eu recebo uma boa notícia, conquisto alguma coisa, vejo pessoas queridas felizes, consigo fazer tudo que planejei, e quando reflito sobre a minha vida e o que eu vejo é bom.
Por que motivo chorou a última vez?
Não me lembro. Provavelmente foi de raiva. Pra ser tristeza, tem que ser muita.
E por que motivo riu?
Eu tô sempre rindo, sorrindo, distribuindo alegria, podperguntar. Dar risada lembra a gente do quanto é bom estar vivo.
Quem gostaria de ser?
Eu gosto de ser eu mesma. Me dá a oportunidade de fazer as coisas do meu jeito, mesmo, que as vezes não seja o melhor jeito. Minha vida, minhas escolhas. Ignorando esse fato, eu não gostaria de ser ninguém em especial, mas gostaria de ter nascido com uma posição social importante o suficiente para fazer alguma diferença mais específica no mundo. Quanta gente tem isso e não valoriza, ou não sabe usar.
E onde gostaria de viver?
Eu quero viver em muitos lugares, Portugal, Austrália, em alguns lugares dos EUA, conhecer outras partes do Brasil (Amazônia), dar uma volta por aí, tem muita vida. Mas quero voltar sempre para Porto Alegre, tá no peito. Orgulho de ser "daqui"!
Você tem medo de quê?
Tenho medo de perder as pessoas que eu mais amo, tenho medo que alguma coisa de muito ruim aconteça a elas. Tenho medo de não realizar todos os meus objetivos de vida, tenho medo de não ter força. Tenho medo de muitas coisas, mas o importante mesmo não é o "ter medo" é qual o efeito que tu deixa ele ter sobre ti.
Qual a sua lembrança mais remota?
Com certeza quando eu tinha mais ou menos uns 3 anos.. eu fazia uma apresentação de Ballet de fim de ano lá no Teatro 7 de Abril, em Pelotas. O Papai Noel era assustador, lembro dele me olhando e pareceu ainda mais assustador naquele palco.. Eu comecei a chorar e depois ele e minha mãe deram pra mim uma boneca gigante, linda. No fim, já estava todo mundo chorando!
Qual a sua idéia de um domingo perfeito?
Acordar tarde, tomar um solzinho, almoçar e tomar um chimarrão, conversar com amigas em um lugar bonito, ficar escutando música, falar com os meus avós e parentes (que só falo nos Domingos) e no finzinho do dia arrumar o meu quarto pra começar uma nova semana. Dá a sensação de renovar.
Que música não sai da sua cabeça?
Ih. Música é uma coisa de fases. Ultimamente mergulhada em um momento retrô não sai da minha cabeça Mulher de Fases (Capital) e Há Tempos (Legião).
Um filme
Em Busca da Terra do Nunca, Wall-e, O Curioso Caso de Benjamin Button, Irmão Urso, A Bela e a Fera.. Ih. É uma infinidade.
Um livro
Potter. A volta ao mundo em 90 dias, O retrato de Dorian Gray, O Morro dos Ventos Uivantes, Esmeralda, Acima de Qualquer Suspeita, O apanhador no Campo de Centeio, etc...
Um gosto inusitado
Banana cortada com Molho de tomate, e QUALQUER COISA com katchup.
Um hábito do qual não abre mão.
Tenho 17, acho que ainda não tenho hábitos que não possa abrir mão de jeito nenhum.
Um hábito que quer se livrar.
Ser impulsiva demais, deunatelha, tô lá!
Um elogio inesquecível.
" Com licença, eu sou pai da Renata, que faz o ballet iniciante. Era a srta a boneca de pano? Eu achei que era uma boneca mesmo! Meu deus, foi incrível. Eu nunca tinha visto nada igual."
Que pecado comete com mai frequência?
Gula, coom certeza.
Em que situação você perde a elegância?
Discriminação, injustiça, frieza e indiferença, e principalmente com gente cara-de-pau.
Que defeito é mais fácil perdoar?
Não existem defeitos fáceis de perdoar, existem pessoas que nós gostamos e por isso perdoamos os defeitos respectivos.
Uma frase.
Provavelmente esse é o motivo dessa entrevista não estar na parte de trás do Donna ZH, se fosse tão fácil assim escolher uma frase... quem sabe na próxima.

14 de junho de 2009

O cara era um artista

Domingo, frio, solidão, resulta em redenção e pipoca. Desde que eu sou piá (mesmo) eu vou na redenção, tem o zé da folha que me impressiona até hoje (juro que não sei como ele faz aquilo), o gato super arriado em todo mundo (medo). E as estátuas vivas. tinha uma ou duas que eu sempre gostei.. mas hoje eu encontrei uma cara especial. Ele era um artista.

Ele recitava como quem tenta explicar em gestos o que o mundo precisa. Gesticulava como poucos atores de hoje, com o olhar voltado para o mundo, realmente o palhaço, quebrado por dentro sorridente por fora, trazia alegria a quem quer que fosse. Convocava emoções, tristezas, obviedades esquecidas, engolidas pelo dia, quando a noite tem tanto a nos oferecer. E foi o que eu vi hoje.. Um artista.

Sapatos sociais marrons, meia calça marron indo até o joelho, uma calça social cinza cortada no joelho. Camisa branca, colete cinza, casaco de lã abaixo da cintura. Rosto pintado. E é claro uma bengala, daqueles típicas de madeira, com uma bola na ponta. No pedestal dizia "ESTÁTUA VIVA, recita poesias a partir de R$0,25". Estava em um daqueles momentos que tu olha pro nada.. quando escutei. "...mais dos nossos pais do que aquilo que pensamos." Uma menina que ali brincava, depositou uma moeda na mala. "Aprendemos que nunca se deve dizer a uma criança que ter sonhos é uma ilusão, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se elas acreditassem nisso." A criança se segurou na perna da mãe. A mãe sorriu. "Aprendemos que quando estamos com raiva temos esse direito, mas isso não nos dá o direito de sermos cruéis. Descobrimos que não sermos amados da forma que amamos, não significa que esse alguém não nos ame também, pois existem pessoas que nos amam, só não sabem demonstrar isso." Uma senhora já de certa idade abraçou a amiga que estava ao lado, elas se olharam. "Aprendemos que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes temos que aprender a perdoar-nos a nós mesmos. Aprendemos que com a mesma severidade com que julgamos, seremos em algum momento condenados." Não havia reparado. Ela chorava. "Aprendemos que não importa em quantos pedaços nosso coração foi partido, o mundo não para, para que a gente o concerte." Ela limpou o rosto, ele olhou pra ela, ela sorriu.

Ele subiu em seu pedestal e assumiu o papel de relógio com a begala. E se mexeu de acordo com o movimento horário, arregalou seus olhos e disse, sussurou, no tom de quem conta um grande segredo: "Aprendemos que o tempo não é algo que possa voltar para trás!"

"Depois de certo tempo aprendemos que realmente podemos suportar.. que realmente somos fortes, e que podemos ir muito mais longe do que pensamos poder ir." Eu sorri. "Que a vida tem valor e que temos valor diante da vida. " Ele sorriu e disse com grande admiração: William Shakespeare, nosso grande poeta. Os trausentes que ali tinham ficado parados, bateram palmas suavemente, e continuaram, ele voltou a pose de Chaplin. Segurando a bengala ao meio, com os olhos fechados. Continuei meu caminho, pois tinha um compromisso.. E então, mais tarde passei por aquele mesmo lugar comendo minha pipoca. Aborrecida, tinha acabado de levar um bolo do meu compromisso. Uma adolescente aparentemente um pouco mais velha que pedia uma poesia, ele não conhecia e prometeu pra ela para a próxima semana. Logo depois veio uma moça com uma menininha no colo, já devia ter seus 4 anos, linda. E ela começou a conversar com ele sobre uma certa obra de um certo autor.. e ele também. Deu sua opinião, disse que haviam 49 longos Cantos nessa tal obra. Mas que o único viável a recitar seria o Canto XVIII, coisa, que ele faria agora.

Tinha alguma coisa a ver com anjos. Jesus, trocadilhos com Maria, Deus, a terra, o inferno, e a vida. Incrível, enquanto ele falava a filha dessa moça com a filha que citei anteriormente fazia aquelas bolhas com aqueles potinhos com sabão, e chegou um menino com o pai. Eles ficaram brincando enquanto ele falavaefalava.. o sol brilhava entre as árvores. Era como se as coisas tivessem que ser assim. Como se o destino tivesse que dar a ele alguma recompensa por isso. Esses dias, em um dia que eu tentei mudar minha conduta de várias formas, eu cheguei na frente do portão e a arvorezinha aqui da frente estava cheia de borboletas! Imaginem só! Borboletas! Eram muitas, e ficavam deslizando entre o portão, e a árvore. Foi nesse dia que eu comecei a acreditar que vem de dentro pra fora.. nós fazemos isso. Eu prefiro acreditar, que não foi o acaso que fez naquele dia terem borboletas no meu jardim, e que não foi o acaso que me fez escutar hoje poesia no meu passeio, solitário.

9 de junho de 2009

Café

Já faz um tempo, eu organizei um dos meus murais só pra botar horários do Bom Dia Rio Grande. Frequentemente, eu me atraso, mas eu sempre tento não perder o último momento.. Esportes. Já que não dá pra ir nos jogos, por dinheiro e algumas outras desculpas o jeito é ver por ali mesmo. Boto o despertador e fico me revirando na cama, meu pai abre a porta e pergunta: Vai querer tomar alguma coisa? E eu respondo: Café. As vezes eu troco por Chá pra não ficar repetitivo, e quando a ânsia toma conta vai leite com nescau.. ou nescau com leite como minha mãe diz. Quando está terminando o Bom dia e o Café eu ainda tô de pijama, completamente zumbi. Se eu tenho sorte, o cachorro da minha irmã não comeu o Jornal.. Eu abro a porta, sinto o frio gelado bater. Fecho, abro o Jornal e desfruto ali das matérias principais durante os próximos minutos. Então meu pai diz: Lucila já é 7 horas, tu vai te atrasar. É vou mesmo. Me espreguiço levanto e pego provavelmente a roupa que mais rapidamente estiver ao meu alcance, tentando escolher no escuro a menos ruim. Com essa eu to gorda. Eu sou gorda. Vai essa mesmo. 7:15 escovo os dentes, arrumo o belê superficialmente, nada de me esforçar demais, faz até mal essa hora da manhã. Sento no sofá, pego o Jornal e fico ali aproveitando os últimos minutos da minha felicidade matinal. Meu pai chega e pergunta: Tu não tens aula hoje lucila? Já é 7:25. Respiro fundo, e provavelmente durante os próximos 30 segundos eu vou pegar minha mochila surrada, botar meu TRI no bolso direito da minha Jeans e sair no portão no momento em que eu vejo meu motorista predileto subindo a esquina para levar-me rumo aos anais da sociedade primária: Último ano do Ensino Médio. Obrigada.

2 de junho de 2009

Pôr-de-Sol..

Parece cocaína.. mas é só tristeza.

(...) Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.
(...) Descompasso, desperdício. Herdeiros são agora da virtude que perdemos.

(...)
Tua tristeza é tão errada (exata)
E hoje o dia é TÃO bonito.
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso..
(...)

Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira..

E há tempos, nem os santos têm ao certo a medida da maldade..
E há tempos são os jovens que adoecem
E há tempos o encanto está ausente, e há ferrugem nos sorrisos,
Só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção...

PÔR-DE-SOL... Meu amor!

Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem (Ela disse)



lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa-a-a.