Viajar de bus é como entrar em um mundo legal com hora pra começar e terminar. Ver os adolescentes escutando pretinho ao mesmo tempo, e ver todos rindo ao mesmo tempo também (e é hilário ver os mais diferentes sensos de humor), ou como hoje perceber pensamentos escondidos. A Moça ao meu lado viu o celular tocando tirou, viu quem era no retrovisor, respirou fundo e deixou tocando na bolsa, ficou olhando o resto da viagem para a janela com um olhar de tristeza. Um menino hoje subiu ali na frente do Rio Branco e cumprimentou várias pessoas, cara de guri, mas nem tão guri assim comentou "não, não eu não to estudando.." trabalhando. Me lembrou um certo amigo-conhecido que também foi assim hoje de 20 e vai alguns e tá bem, tentando terminar os estudos com a cabeça no lugar. Deu saudade. Depois ver uma família típica do Salso: Uma senhora bem arrumada com idade da minha mãe, com uma filha de seilá uns 25/26 anos, com um filhinha pequena procurando lugar pra sentar. Teve a filha adolescente ainda. Vidas cruzadas, sem nenhuma ligação.
Poema no ônibus, quem não adora (pegar um dos bons)?
Se eu deitar num divã
encontrarei o meu ego,
olhando firme, pra mim,
Só quer me ver este cego!
Me deparar, vejam só, com coisas que sempre nego
De sentir amargor na fruta doce que pego.
De castigar a lembrança, com imagens que renego,
De só gostar do que tenho, quando ao desprezo relego!
Se eu deitar num divã
perceberei o meu ego,
dizer zombando de mim:
Depois eu que sou cego!
Naura Vieira
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